sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

UM "NOVO MODO" DE SER CRISTRÃO

Kardec lançou outros livros e uma revista, e também fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que ficou famosa na época. Entre seus livros, está O Livro dos Médiuns, em que ele analisa a mediunidade e critica as falhas cometidas pelos médiuns orgulhosos ou interessados em lucros financeiros. Fala também dos charlatães, impostores que exploram a boa-fé do público. Um dos critérios adotados por Kardec era apenas aceitar como ensino dos ensino dos espíritos aquilo que fosse racional e que diferente dos médiuns, de diferentes lugares, desconhecidos uns dos outros, recebiam da mesma maneira. Todos os princípios espíritas passaram por esse critério, que Kardec chamava de “a concordância universal do ensino dos espíritas.” A sociedade fundada por Kardec recebia manifestações de todas as regiões da França e de várias partes do mundo. Mas além, das mensagens daqueles que iam aderindo ao espiritismo, começaram a surgir muitas críticas e ataques. Algumas dessas críticas à nova doutrina vinham da igreja católica, até que, em 1864, houve um fato mais grave: o chamado auto de fé de Barcelona, na Espanha. O bispo da cidade ordenou que fossem queimados trezentos livros espíritas. Kardec não se abalou, pois, apesar da oposição, havia espíritas em todas as camadas da sociedade, das mais humildes às mais ricas. Em 1864, Kardec publicou O Evangelho Segundo o Espiritismo, afirmando, nele, o espiritismo como cristão. Essa atitude gerou – e ainda gera – muitas discussões. Kardec discordou de várias ideias indiscutíveis para a Igreja, como a existência de inferno eterno. Ele afirmava que, após passar por muitas vidas, todos teriam salvação. Kardec também não aceitava a ideia de Jesus como o próprio Deus. Até hoje, a Igreja Católica e as Igrejas Evangélicas não aceitam que o espiritismo se considere cristão. Para responder às críticas, Kardec lançou o livro O Céu e o Inferno. Nele, analisa a ideia do inferno habilitado por almas perdidas para sempre e sem chance de salvação. Para os espíritas, Jesus revela um Deus tão justo e bom, que sempre daria novas oportunidades aos seus filhos. Kardec trabalhou exaustivamente. Em 1868, publicou seu último grande livro: A Gênesis, Os Milagres e as Predições, Segundo o Espiritismo. A nova doutrina se espalhara pelo mundo, mas Kardec não queria que o espiritismo assumisse características religiosas ou políticas que levassem ao fanatismo e à tolerância. Seu lema era: fora da salvação não há salvação. O codificador do espiritismo morreu em 1869. Seu túmulo é até hoje o mais visitado no cemitério Père Lachaise em Paris.

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