sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

QUEM NÃO ORA PELOS MORTOS?

Existe um grupo religioso muito numeroso e influente que não aceita nenhum tipo de oração pelos mortos: os evangélicos. A justificativa para isso tem razões históricas e muito profundas. Quando Martinho Lutero iniciou o movimento da Reforma Protestante, no século XVI, uma das causas centrais da sua indignação era a chamada “venda de indulgências”. Como a Igreja Católica sempre pregou a ideia do purgatório – um período em que a alma está se purificando no além e pode ser ajudada pelas orações, missas e penitências dos vivos -, houve uma época em que aconteceram abusos muito grandes referentes a essa questão. Esses abusos foram duramente condenados por Lutero. É que muitos padres, bispos e até papas vendiam indulgências para as almas “ganharem” o céu. Se, por exemplo, alguém tivesse um familiar morto, que houvesse cometido grandes pecados, um bispo ou um papa podia vender uma indulgência e, mediante grandes somas de dinheiro, terras ou privilégios, “garantir” a entrada daquela alma no céu. Havia também as indulgências vendidas à pessoa ainda em vida. Isso levava a muitos desvios: a pessoa podia praticar todo tipo de crime e depois se “reconciliava” com Deus, pagando à igreja para “entrar” no céu. Além disso, havia um grande comércio em torno dos santos e de suas relíquias. Quaisquer pedaços de pano que se supunha ter pertencido à roupa de um santo valia seu peso em ouro e era até motivo de guerra entre as cidades. Em toda a parte, apareciam ossos, roupas, objetos que tinham sido deste ou daquele santo, gerando fanatismo nos fieis. Lutero, então, opôs-se a tudo isso. Para resolver a situação, disse que não havia purgatório, mas apenas céu e inferno; portanto, de nada adiantaria rezar pelos mortos ou comprar indulgências. Disse também que só devemos orar diretamente a Deus e não por meio dos santos. Ele quis acabar com os abusos, mas acabou igualmente com uma das mais fortes tradições da religião humana: o culto aos mortos. Isso não significa que os protestantes não tenham preces e nem rituais na hora da morte. Mas, segundo eles, as orações são pelos que ficam e não pelos que se foram. O CULTO DOS ANTEPASSADOS NAS TRADIÇÕES JAPONESAS Calcula-se que desde o final do século XIX, chegaram ao Brasil mais de 250 mil japoneses. É claro que os japoneses trouxeram consigo sua cultura, seus costumes e suas religiões, sendo as mais tradicionais o xintoísmo e o budismo. A ideia de homenagear os antepassados é um ponto comum a todas as tradições japonesas. Os budistas, por exemplo, mantém em casa um altar, chamado Butsudam, como um lugar de conservação da memória dos mortos dentro de casa. No xintoísmo, também, o culto dos antepassados é uma prática fortíssima. Há ainda religiões mais novas, trazidas do Japão que vem tendo grande aceitação também entre os brasileiros. Dentre elas, com maior número de adeptos, temos a Igreja Messiânica Mundial do Brasil e a Seicho-no-ie. A Igreja Messiânica Mundial possui um centro religioso chamado Solo Sagrado, localizado na estrada de Jaceguai, no Bairro de Parelheiros, em São Paulo. Lá, todos os anos, promove-se o culto dos antepassados para 50 mil pessoas. Japoneses e brasileiros participam dessa homenagem aos mortos.

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