sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O SÁBIO QUE SABIA QUE NADA SABIA

Sócrates nasceu em 470 aC, na cidade de Atenas. Seu pai, Sofronisco, era escultor e sua mãe, Fernareta, era parteira. Casou-se com Xamtipa e teve três filhos. A princípio, dedicou-se a profissão do pai, depois tornou-se um corajoso guerreiro, em batalhas entre Atenas e outras cidades gregas. Mas o que Sócrates principalmente fez na vida foi filosofar. Como já estudamos, filosofar é ser amigo da sabedoria. É buscar sempre a verdade. É querer conhecer sempre mais a respeito das coisas e nunca se contentar com aquilo que já se sabe. É fazer perguntas profundas sobre assuntos essenciais. O maior interesse de Sócrates era em relação à moral. Ele queria saber o que eram a justiça, o bem, a coragem... todas essas formas de comportamento humano que são chamadas de virtudes. Sócrates não era como os sofistas, que cobravam das pessoas para ensinar. Ele filosofava gratuitamente em praça pública, com qualquer um que quisesse. E também tinha uma forma diferente de filosofar: conversando com os outros. Ao contrário dos sofistas, Sócrates achava que existiam, sim, o bem e o mal e também a verdade. Mas ele não ensinava o que era essa verdade. Não ia dizendo, logo de saída, “a justiça é isso; a coragem é aquilo...”. Ele ajudava as pessoas a descobrir a verdade. Ia fazendo perguntas até a pessoa chegar à resposta. Dizia que havia herdado de sua mãe o gosto por fazer partos, só que, enquanto a mãe fazia partos de crianças, ele fazia partos de ideais: conseguia extrair a verdade de dentro dos seres humanos. Era, portanto, um educador. Ajudava os outros a aprender por si mesmos. Platão conta que, certo dia, perguntaram à pitonista (espécie de vidente da época) do Oráculo de Delfos quem era o homem mais sábio da Grécia. E, por intermédio da pitonisa, o deus Apolo respondeu: “Sócrates”. Foram correndo dizer a Sócrates o que o Oráculo havia afirmado. Ele ficou bastante surpreso e perguntou a si mesmo por que seria ele o mais sábio, se havia tanta gente mais sábia do que ele. Foi, então conversar com todos os que eram considerados sábios e descobriu que eles não sabiam muita coisa. Pior: eles achavam que sabiam muito! Assim, Sócrates descobriu porque ele era o mais sábio. Sou o mais sábio, pois sou o único que nada sabe! Para Sócrates, a sabedoria não era saber tudo, mas querer sempre saber mais e achar que ainda se sabe muito pouco. Quem sabe que não sabe quer aprender mais... Mas, assim como muita gente que com atos de bravura e bondade ajudou a mudar o mundo, Sócrates sofreu perseguições. Ele criticava as injustiças e aqueles que se achavam sábios e não o eram. Com isso, ganhou muitos inimigos, que inventaram calúnias contra ele, dizendo que corrompia a juventude e criticava os deuses. Aos 71 anos de idade, em 339 aC., Sócrates foi levado ao tribunal, onde se defendeu dessas mentiras. Disse que sua ocupação de filosofo era para tornar a cidade de Atenas mais justa. Explicou que chamava a atenção das pessoas para que não fossem tanto atrás de dinheiro, luxo e poder, pois o mais importante era aperfeiçoar a alma e ser justo. Sua brilhante defesa de nada adiantou: foi condenado à morte. Entre os gregos, a morte de um condenado se dava pelo envenenamento com cicuta, uma planta mortífera. Mas Sócrates não ficou desesperado. Primeiro, disse que era melhor morrer e continuar fiel à verdade do que viver tanto e desmentir suas palavras. Depois, explicou que a morte era uma passagem para outra vida. Ele acreditava que, embora o corpo morresse, a alma continuaria eternamente viva.

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