sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

DEUS NA TEORIA DA FILOSOFIA

O ser humano sempre acreditou em algum tipo de inteligência superior à dele. Para muitas religiões, essa inteligência tem o nome de “Deus”. Mas Deus não é apenas um tema da religião. Ela tem sido objeto de interesse dos filósofos desde a época de Pitágoras (Século VI a.C.), na Grécia. Porém, para a filosofia, não se trata apenas de acreditar em Deus, mas de mostrar argumentos a favor ou contra a sua existência. Para a religião, é uma questão de fé; para a filosofia, uma questão da razão. A filosofia procura explicar a origem de tudo e, para muitos filósofos, essa origem está em Deus. Vamos estudar, a partir de agora, como diversos filósofos têm tentado responder a algumas perguntas a respeito de Deus: QUEM É DEUS? Segundo Platão (429-347 a. C.), filósofo grego, discípulo de Sócrates, Deus é o ser supremo. Aristóteles (384-322 a. C.), também filósofo grego e discípulo de Platão, dizia que Deus é “o primeiro motor do Universo”: aquele que pôs todo o Universo a funcionar. Para os filósofos judeus, cristãos e muçulmanos, Ele é um ser criador, pai de todas as coisas. Entre as ideias filosóficas relacionadas a Deus, estão a de que Ele não tem corpo, é eterno, não teve começo e nem terá fim. Ele está em todas as coisas, mas não é todas as coisas, pois está além de tudo. PODE-SE PROVAR A EXISTÊNCIA DE DEUS? Vários filósofos tentaram prova-la; alguns, dizendo que a natureza é tão perfeita, o Universo, tão belo e tão bem organizado, que tem de haver por trás de tudo isso uma inteligência muito poderosa. O filósofo francês René Descartes (1596-1650) usou um argumento interessante: o ser humano é imperfeito e finito, mas a humanidade sempre teve a ideia de perfeição e infinitude na cabeça. De onde vem isso? Segundo ele, vem da ideia que Deus incutiu em nós. Outro filósofo francês, Henri Bergson (1859-1941), usou ainda mais um argumento: a demonstração de que Deus existe é o fato de que, na humanidade, sempre houve pessoas especiais, santas, heroicas, que sentiram e revelaram Sua presença, como é o caso dos líderes religiosos e dos profetas. Já o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) considerava que a presença de Deus não poderia ser provada, que era apenas uma questão de fé. SE DEUS É BOM, ENTÃO, POR QUE EXISTE O MAL? A maioria dos que afiram a existência de Deus também pensa que Ele é bom. Platão, por exemplo, dizia que Ele é o Bem, a beleza e a verdade. Santo Agostinho (354-430), filósofo cristão, dizia que Deus é o Bem supremo. Tudo o que Ele criou é bom. O mal vem do homem, quando deixa de fazer o bem que Deus quer. Mas, segundo Santo Agostinho, o mal não tem vida própria, é só a ausência do bem. Já o bem é eterno, porque é Deus. Até mesmo filósofos que não acreditaram na existência de Deus não conseguiram evitar a reflexão sobre Ele. O francês Jean-Paul Sartre (1905-1980), um dos maiores filósofos do século XX, embora não acreditasse em Deus, afirmava que permaneceu nele a ideia de Deus. Ele não se sentia como um grão de poeira surgido no mundo, mas um ser criado. Outro filósofo francês, Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), Disse que a ideia de Deus está dentro do ser humano. O filósofo alemão Edmudd Husserl (1859-1938) expressou de forma bela esse sentimento de Deus, dizendo: (...) como fonte de todo o ser, como princípio de desenvolvimento do mundo, como força que dá origem ao mundo, como criador do mundo, como princípio das leis do mundo (...). Através do meu coração, através do pulsar da minha vida, corre a vida divina. Amor de Deus e amor do mundo. (Edmud Husserl. Citado em: Giorgio Penzo; Rosino Gibellini. Deus na filosofia do século XX. São Paulo: Edições Loyola, 1998).

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