sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

SOFRER COM O OUTRO

Nem todos sabem ao certo o que significa compaixão. Podemos, porém, dizer que é uma das formas de amor ao próximo. As religiões a elegem como umas das principais virtudes morais. Tanto no Cristianismo como no Budismo, ela é ponto central. O budista Dalai Lama afirma que o cultivo do amor e da compaixão é a verdadeira essência da religião. O filosofo André Comte-Sponville diz que ela não tem boa reputação, pois ter compaixão significa “sofrer com” e ninguém gosta de sofrer. Mas, segundo ele, a compaixão tem qualidades muitos importantes; basta ver que as ideias se opõe a ela: dureza, crueldade, frieza, indiferença, secura de coração, insensibilidade... Ela nos faz participar da dor, da tristeza, do sofrimento do outro. Todos os sofrimentos merecem a nossa compaixão. Mas será que a compaixão serve para todos os casos? Por exemplo, o sofrimento de um invejoso diante da felicidade do outro merece compaixão? Ou, ainda, devemos ter compaixão por um torturador, que gosta de ver o outro sofrer, matando e ferindo as pessoas? Pois é importante saber que ele também precisa de compaixão, embora condenemos seus atos. Comte-Sponville diz que devemos nos compadecer sim, pois o sofrimento, a dor, a tristeza, o ódio estão presentes nessas situações. A compaixão é o contrário da crueldade, que se satisfaz com o outro, e do egoísmo, que impede a busca da cura dos sofrimentos alheios. Ter compaixão é não ser indiferente a nenhum sofrimento, independente do motivo! É recusar-se a pagar o ódio com o ódio! É procurar socorrer todos os que sofrem! É como a compaixão de Cristo por seus carrascos e de Buda pelos maus. Ter um bom coração é muito importante na vida cotidiana, pois disso depende nossa felicidade e a dos outros. Somente quando a compaixão fizer parte da vida cotidiana, teremos o Reino da felicidade na terra, pois ela gera a não violência, nos impede de agredir o próximo e nos ensina a não usar a raiva e o ódio como armas, e sim o amor: a mesma arma que Gandhi ensinou a usar. Por isso, neste mundo de tantos sofrimentos, o papel da compaixão é fundamental. Basta olharmos ao nosso lado para percebermos que o sofrimento está espalhado por todos os cantos. Inúmeras pessoas sofrem por causa da fome, da pobreza, da injustiça, do abandono e da falta de amor. Se prestarmos bastante atenção, veremos que o sofrimento está presente na política, na economia, nas diversas sociedades, nos conflitos religiosos, nas relações entre as pessoas e em nós mesmos, em nossa alma e em nosso corpo. Não podemos ser indiferentes ao sofrimento à nossa volta, e nossa resposta à dor deve ser a compaixão, pois onde ela existir os sofredores serão consolados.

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