sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O CAMINHO DO CÉU

Confúcio trabalhou intensamente a vida toda para que os governantes realizasse a educação do povo. Segundo ele, o soberano deveria ser um exemplo de sabedoria e bondade, pois, se desse maus exemplos, levaria o povo à desgraça. Se os governantes seguissem as leis do Céu, promoveriam a educação das luzes divinas em todo o povo. O povo nunca deveria ser castigado, pois o castigo não melhora ninguém – muito menos uma criança, que deve ser amada. A iluminação, isto é, a perfeição de um povo não depende, pois, de castigos, mas de uma boa educação. Os pensamentos de Confúcio ainda hoje permanecem atuais. Quando tantas pessoas vivem sem esperança e a violência parece ser uma realidade sem solução, seu exemplo surge com força para continuarmos lutando por um mundo em que os valores espirituais de igualdade, fraternidade e cooperação façam parte das relações humanas. Lau-Tsé foi um sábio chinês cujo nome significa “velho mestre”. Alguns acham que ele fundou uma importante religião chamada taoismo; outros, que apenas continuou uma tradição que já existia na China. O texto mais importante dessa religião é o Tao Te Ching (Escritos sobre o Tao e suas virtudes, em português). O Taoismo, de Lau-Tsé, e o confucionismo de Confúcio, representam as mais importantes religiões da China. Os pensamentos de Lao-Tsé contidos no Tao Te Ching, são lidos até hoje no mundo inteiro. Alguns historiadores afirmam que Lao-Tsé e Confúcio teriam vivido em épocas diferentes e que Lao-Tsé seria posterior a Confúcio. Outros afirmam que eles eram contemporâneos e que, certa vez, se encontraram, quando Confúcio estava em visita à capital dos reis Chou. Lao-Tsé e Confúcio teriam conversado sobre o orgulho e a cobiça. Eles concordavam que os seres humanos deveriam renunciar às ambições, pois uma pessoa cheia de virtude deve mostrar-se simples. Segundo se conta, Lao-Tsé abandonou a corte. Ao chegar à fronteira, o guarda pediu-lhe que antes de ir embora escrevesse seus ensinamentos. Resolveu, então, escrever o Tao Te Ching, que contém mais de 5 mil palavras, e depois disso desapareceu. Muitos dos seus ensinamentos eram diferentes dos de Confúcio. Os taoistas criticam o confucionismo por ser cheio de regras e defendem o Tao por ser um caminho mais livre, mas natural. Diz um taoista de hoje: Como o Céu, o Tao é repleto de espaço, é tolerante, abrange todas as coisas, e dentro dele estão as regras e os princípios fundamentais da vida. Poucas regras e princípios. (...) E na nossa vida também deve ser assim. Devemos ter dentro de nós um imenso espaço para nos realizar, para viver, tendo alguns princípios fundamentais como referências. (Wu Jyh Cherng. Iniciação ao taoismo. Rio de Janeiro: Mauad, 2000.) SER UM SER HUMANO Rudyard Kipling foi um famoso escritor que nasceu em 1865, em Mumbai, na Índia, e estudou em Londres, na Inglaterra. Aos 17 anos, voltou à Índia. Escreveu obras belíssimas que tiveram grande popularidade no mundo inteiro. Vamos conhecer um de seus poemas mais famosos e belos, chamado “Se”. Ele combina perfeitamente com as virtudes pregadas e vividas por Confúcio. SE Se és capaz de manter a tua calma quando Todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa; De crer em ti quando estão todos duvidando, E para esses no entanto achar uma desculpa; Se és capaz de esperares sem te desesperares, Ou, enganado, não mentir ao mentiroso, Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, E não parecer bom demais, nem pretencioso; Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires; De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores; Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires Tratar da mesma forma esses dois impostores; Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas Em armadilhas as verdades que dissestes, E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas, E refazê-las com o bem pouco de que te reste; Se és capaz de arriscar numa única parada Tudo o quanto ganhaste em toda a tua vida, E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, Resignado, tornar ao ponto de partida; De forçar coração, nervos, músculos, tudo A dar seja o que for, que neles ainda existe, E a persistir assim quando, exaustos, contudo Resta a vontade em ti que ainda ordena: “persiste!” Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes, E, entre reis, não perder a naturalidade, E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes, Se a todos pode ser de alguma utilidade, E se és capaz de dar, segundo por segundo, Ao minuto fatal todo o valor e brilho, Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo E o que é mais – tu serás um homem, ó meu filho! (Rudyard Kipling. Obras-primas da poesia universal. Trad. Guilherme de Almeida. São Paulo: Editora São Paulo, 1957.)

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