sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O DESAFIO DE SER CRISTÃO

Muitos correm atrás de dinheiro, luxo, poder e fama. Pessoas e países querem ser ricos, nem que, para isso, tenham de empobrecer outros e acabar com o meio ambiente. Explora-se o ser humano e explora-se a natureza. Exatamente na época em que, na Europa, começava essa busca por riquezas materiais e essa destruição ambiental, houve um cristão que adotou um estilo de vida diferente, lembrando que ser cristão, é ter outros valores além dos materiais. Ele foi “irmão da natureza” e “esposo da pobreza”. Foi Francisco, o santo de Assis. Francisco era italiano e um dos santos mais populares da Igreja Católica. Mas ele também é popular fora do catolicismo: um grande biógrafo seu foi Pau Sabatier, um protestante. Em plena Idade Média, a Igreja Católica dominava a Europa e mantinha-se no poder cercada de luxo. O exemplo de humildade de Jesus, pregando pelas estradas, ao lado de leprosos, miseráveis e sofredores, estava quase apagado da memória dos cristãos. Por outro lado, o povo quase não tinha contato com as palavras de Jesus, pois a missa era sempre rezada em latim; a Bíblia também permanecia nessa língua. Nesse período, entre os anos 1000 e 1200, começaram a surgir movimentos que pretendiam recuperar o cristianismo puro, simples, mas próximo das pessoas. Dentre eles, foram importantes as heresias; seus defensores criticavam duramente a igreja e foram por ela reprimidos. Dentro da própria Igreja Católica, destacaram-se as ordens mendicantes e a ordem religiosa fundada por Francisco de Assis, figura impressionante que se tornou exemplo de paz e humildade. A VIDA DE FRANCISCO Francisco nasceu em uma família rica. Seu pai, Pietro Bernardone, era um comerciante bem sucedido na cidade de Assis. Conta-se que a mãe de Francisco era uma mulher doce e compreensiva, e que o pai, Pietro, era um homem ambicioso e avarento. Nessa época, na Itália, começava a crescer a classe dos mercadores, que buscavam ganhar dinheiro por meio do comércio. Até então, a Europa tinha vivido predominantemente da da agricultura. Era o período do feudalismo. A princípio, Francisco era alegre e festivo: gostava de sair com os amigos, gastar dinheiro, vestir-se bem. Foi cavaleiro e participou de guerras entre as cidades italianas. Era muito popular e amado pelas pessoas que o cercavam. Mas, um dia, veio uma crise espiritual que iria mudar seu destino. Abalado com as guerras, Francisco passou a achar vazia a vida que levava. Seu pai esperava que ele voltasse famoso por seus feitos heroicos, mas Francisco o decepcionou voltando para casa mais cedo, adoentado e dizendo que Jesus havia conversado com ele. Uma das frases que Francisco afirmava ter ouvido de Jesus era: “Reconstrói a minha igreja”. Na região em que Francisco morava, havia uma igrejinha em ruínas dedicada a São Damião. Francisco entendeu que era a ela que Jesus se referia e começou a trocar tecidos da loja de seu pai por pedras para reconstruí-la. O pai de Francisco ficou furioso; achava aquilo uma loucura e sentia-se até roubado pelo filho. Então arrastou-o até diante do bispo de Assis, acusou-o de ladrão e exigiu tudo de volta. Francisco, em praça pública, despiu-se de toda roupa, juntou-a à bolsa de dinheiro que trazia e devolveu tudo ao pai: “Ouçam todos! Até hoje chamei Pietro Bernardone de meu pai. A partir de agora direi apenas meu Pai que está nos céus!” E assim Francisco passou a viver entre os mais pobres, vestido com uma túnica marrom e com um simples cordão para amarrá-la. As atitudes de Francisco causaram escândalo na comunidade: ele esmolava pedras e reconstruía a igrejinha de São Damião com as próprias mãos, cuidava dos miseráveis, visitava os leprosos... Naqueles tempos, os leprosos viviam longe das cidades, em cavernas, e alimentavam-se do que os mais caridosos lhe mandavam entregar, mas sem deles se aproximar. Francisco se ocupou dos mais rejeitados e sem proteção, dando-lhes cuidados e carinho, mas não só deles. Seu amor se estendia igualmente à natureza, pois via em toda a parte a presença de Deus, que tudo criou, e sentia intensa felicidade em louvar as belezas do Universo. Conta-se que, certa vez, Francisco fez sermão aos próprios pássaros. Em outra ocasião, havia um lobo feroz que assustava os moradores da cidade e Francisco o pacificou com uma simples carícia.

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