O HOMEM QUE MUDOU O MUNDO

Depois de 2 mil anos, a história de Jesus ainda fascina o mundo. Cerca de dois bilhões de pessoas se declaram cristã, ou seguidoras de Cristo. Para os cristãos, ele é muito mais que um sábio, muito mais que um homem virtuoso: é o filho de Deus que veio à Terra para salvar os seres humanos. Carpinteiro, pobre, sem projeção política, sem poderes terrenos, Jesus não foi sacerdote ou doutor, não governou nenhum país, nem estudou nenhuma ciência. Mas foi uma pessoa tão importante que, no mundo ocidental, passamos a contar o tempo antes e depois dele. O ano de seu nascimento é considerado o ano 0 (zero). É que muitos povos entenderam que a história passou a ter outro significado depois da vinda de Jesus. SERIA ELE O MESSIAS ESPERADO? Na época em que viveu Jesus, o Império Romano, um dos mais poderosos que o mundo já conheceu, dominava grande parte da Europa e do Oriente Médio. A sede do império era a cidade de Roma, luxuosa e poderosa, e o imperador era adorado como um deus. Os judeus, também sob o comando de Roma, era um dos povos mais revoltados contra essa situação. Eles eram monoteístas, isto é, acreditavam num Deus único, e havia em seu meio muitos profetas. Entre os grandes profetas do povo de Israel, houve um que, segundo entendem os cristãos, anunciou a vinda de um messias, um salvador, alguém que iria trazer novos tempos para a humanidade. Esse profeta foi Isaías, que viveu cerca de setecentos anos antes de Cristo. Quando Jesus nasceu, quem estava no poder era Otávio Augusto, em um período conhecido como a “Pax Romana”. Com seus exércitos, usando de muita violência e força, Roma havia conseguido submeter muitos povos ao seu domínio. Era uma paz resultante da violência e da dominação. Assim, como Sócrates, Jesus nada escreveu. Foram seus discípulos que contaram sua vida e transmitiram seus ensinamentos. Os evangelhos que conhecemos, que fazem parte do NT – Novo Testamento e contém esses relatos, foram escritos pelo menos quarenta anos depois de sua morte. Os evangelhos de Lucas e de Mateus contam o misterioso nascimento de Jesus: Maria, noiva de José, um carpinteiro de grandes virtudes, recebeu a visita de um anjo que lhe anunciou que daria à luz um filho por intervenção de Deus – portanto de maneira inexplicável do ponto de vista humano. Também por intermédio de um anjo José soube que teriam um filho dessa maneira. Os dois, então, uniram-se sabendo que iriam receber um filho especial. E assim, como disse Isaías: (...) uma criança nasceu para nós, um filho nos foi dado, a soberania repousa sobre os seus ombros. Proclama-se o seu nome: ‘Conselheiro maravilhoso, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da paz”.’ (Isaías 9.5 – Tradução Ecumênica da Bíblia, São Paulo, Edições Loyola e Paulinas, 1996) Segundo o Evangelho de Mateus, Jesus era descendente do Rei Davi (o rei pastor que, como já vimos nas Aulas 05 e 06), e seu nascimento foi cercado de milagres. Na época, os romanos estavam fazendo um recenseamento – a contagem da população. José e Maria, que viviam em Nazaré, pequena aldeia judaica, foram para Belém, pois, como descendentes da casa de Davi, deveriam participar do recenseamento na cidade de sua família. Quando o casal chegou a Belém, não havia lugar para hospedagem e estava quase na hora de Maria dar à luz. Procuraram muito, mas ninguém tinha um quarto. O Único local que encontraram foi uma gruta, onde se abrigavam alguns animais. Foi lá que Jesus nasceu. A Bíblia conta que, no momento em que Jesus veio ao mundo, uma estrela brilhou vivamente sobre a gruta e os pastores das redondezas foram chamados pela voz dos anjos, que diziam: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.” Ao mesmo tempo, estavam a caminho três reis, vindos do Oriente, que também haviam sido avisados do nascimento do messias. Eles conseguiram encontrar a gruta porque a estrela os guiou. Ao verem o menino, ajoelharam-se emocionados e o adoraram, oferecendo-lhe ricos presentes. Não se sabe muito sobre a infância de Jesus, a não ser um episódio de quando ele tinha doze anos. Conta-se que Maria e José o levaram a Jerusalém, cidade sagrada dos judeus, para as festas da Páscoa, em que até hoje o povo de Israel comemora a sua libertação do Egito. Na volta para Nazaré, José pensou que o menino estivesse com a mãe, no grupo das mulheres, e Maria pensou que ele estivesse com o pai, no grupo dos homens. Quando pararam, descobriram que Jesus havia ficado em Jerusalém. Voltaram aflitos e viram uma cena incrível: o menino estava conversando com os mestres e doutores da lei judaica, e estes estavam admiradíssimos com sua sabedoria. Diante da repreensão de Maria, Jesus respondeu: “Não sabes, mãe, que tenho de cuidar das coisas de meu Pai?”