sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O APÓSTOLO PAULO E AS REFORMAS DE LUTERO

A figura de Paulo e suas ideias causaram discussões que duram até hoje no mundo cristão. Alguns acham que, se não fosse por ele, o cristianismo teria talvez morrido no início, pois ninguém tinha sua coragem e determinação para levar a palavra de Jesus a toda a parte. Outros o criticam, dizendo que ele colocou no Cristianismo muitas ideias que não eram de Jesus. As ideais de Paulo foram fundamentais para Lutero, por isso muitos protestantes o consideram o apostolo mais importante. Além disso, existe mais uma razão: os Católicos veem o Papa como o sucessor de Pedro. Os evangélicos, como não aceitam o Papa, valorizam mais o papel de Paulo. Entre as mensagens mais belas que Paulo escreveu, uma está registrada no capítulo 13 da Primeira Epístola aos Coríntios. Algumas Bíblias traduzem-na como: “hino à caridade”, outras, como “hino ao amor”. Na tradução ecumênica da Bíblia, está como “o amor fraterno”. Durante mais de mil anos, a Igreja Católica teve muito poder. O Papa mandava até em reis e imperadores, e muita gente não estava satisfeita com isso. Também nessa época, havia a prática de venda de indulgências: era possível obter a salvação da alma após a morte comprando, por exemplo, peças de roupas de santos, chamadas relíquias, ou pagando por missas caras. Além disso, os cristãos não podiam ler a Bíblia, pois ela era escrita em Latim, língua que não era conhecida do povo. Aliás, a maioria do povo não sabia ler e nem escrever em língua nenhuma. Somente os líderes da igreja e alguns intelectuais conheciam o latim. Portanto, a ligação entre o ser humano e Deus ficava só nas mãos dos padres. As primeiras críticas a isso foram feitas pelo inglês John Wycliffe e pelo Checo Jan Huss, que acabou queimado na fogueira em 1415. Mas um dos homens mais importantes desse movimento, conhecido como Reforma Protestante, foi Martinho Lutero. Lutero, nascido na Alemanha, em 1483, era monge da Igreja Católica, mas começou a achar que o cristianismo havia perdido a sua essência. Em 31 de outubro de 1517, fixou em frente da catedral de Wittenberg suas 95 teses (propostas), que dariam início à Reforma. Entre as ideias defendidas por Lutero, uma das principais dizia respeito à Leitura direta da Bíblia. Ele a traduziu para o alemão e queria que fosse traduzida para todas as línguas (como é hoje em dia); assim, todos poderiam lê-la livremente. Também achava que os padres podiam se casar e ele mesmo se casou. Mais tarde, criticou a autoridade do papa, e é por isso que até hoje os protestantes não guardam obediência à maior autoridade da Igreja Católica. Paulo de Tarso foi um dos maiores inspiradores de Lutero. A ideia da justificação pela fé, importante no pensamento de Lutero, era baseada em Paulo: ele acreditava que o mais importante não eram as obras realizadas, mas a fé que brota do coração. Segundo Paulo, muitas obras podem ser feitas sem ser de coração, de maneira hipócrita e mentirosa. Por isso, Deus julga considerando o fundo do coração. Assim, não bastam as obras: é preciso, antes de tudo, a sinceridade da fé. Muitas discussões se deram entre a Igreja Católica e as igrejas protestantes, no decorrer dos séculos, a respeito da justificação pela fé. Somente em 1999, o acordo se deu: O Papa João Paulo II saudou ontem o acordo sobre a salvação por meio da fé, assinada pelas igrejas católica e luterana. Durante as orações na Basílica de São Pedro, João Paulo II disse que o acordo é “um marco histórico no difícil caminho para a união dos católicos”. A Declaração Conjunta Sobre a Doutrina da Justificação foi assinada na Igreja de Santa Anna, na cidade alemã de Augsburg. Participaram da cerimônia, representando as duas religiões, o cardeal Idris Cassidy, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade Cristã, e o bispo alemão Christian Krause, presidente da Federação Luterana Mundial. A salvação foi um dos principais pontos de divergência entre Lutero e a Igreja Católica. Os Católicos acreditavam que para alcançar a salvação precisavam ter fé e praticar boas obras, conquistando assim, “pontos no céu”. Os luteranos diziam que a salvação só depende da fé e Deus não exige pagamento em troca e concede a salvação “gratuitamente”. A partir de então, ambas as religiões passaram a concordar com a tese de que a salvação se dá por meio da fé, mas as boas obras contribuem para a afirmação dessa fé. (Extraído do texto: “Papa elogia acordo entre católicos e luteranos”, O Estado de São Paulo, 1º de novembro de 1999. http//www.estado.estadao.com.br).

Nenhum comentário:

Postar um comentário