sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

PRISIONEIROS DE QUÊ?

Você age pensando em obter recompensa, lucro ou satisfazer algum interesse? Você pensa em ser muito rico ou poderoso; Sonha ter muitos bens materiais? Você estuda só para tirar boas notas? Age bem só para não ser castigado ou para se mostrar? Se sua resposta a todas as perguntas acima for positiva, você ainda precisa percorrer um longo caminho para ter desprendimento. E o que vem a ser isso? Desprender-se, naturalmente, é o contrário de ficar preso. Mas, neste caso, não se trata de sair de uma prisão com grades e muros. Certamente há muitos presidiários que são desprendidos, assim como há muita gente livre que anda para lá e para cá, mas que na verdade está encerrada em uma série de cadeias. Da categorias de “prisioneiros” aparentemente livres, fazem parte os ambiciosos, os interesseiros, os possessivos, os egoístas, os que querem ser donos de tudo - das pessoas, das riquezas, do poder, do conhecimento -, sem pensar em dividir nada com ninguém. Desprender-se é renunciar a algo em favor dos outros, é partilhar o que se tem, é não ter desejos desmedidos e não ficar preso aos bens materiais, só pensando neles, só trabalhando para obtê-los, apenas sonhando em ter sempre mais. Um dos principais motivos para as religiões nos ensinarem desprendimento é que estamos de passagem pela Terra: nossa moradia aqui não é permanente. Chegamos ao mundo nus e partimos sem levar nada. Assim, de fato nada possuímos. Tudo é apenas empréstimo. Apegar-se às coisas que passam é procurar um sofrimento inútil, porque tudo está sujeito à transformação. Um autor budista, por exemplo, nos diz que: A maneira de ser feliz, de acordo com Buda, é simples: apenas desprender-te. Se te desprendes de muito, terás muita felicidade, se te desprende de pouco, terás pouca felicidade; e se não podes desprender-te de nada em absoluto, terás muito sofrimento. A ideia do desprendimento se recomenda (...) porque é prática e, além disso, é realmente o único caminho. Porque não importa se não conseguimos nos desprender ou não, as coisas se vão sem que possamos fazer algo para evitar. Mais vale desprender-se e cooperar com a maneira de ser das coisas do que tentar sem sucesso resistir à forma irresistível da realidade. (Zoketsu Norman Fischer. “Desprendimento”. http//www.everydayzen.org. Traduzido para fins pedagógicos.) Já muitos cristãos ensinam que o único bem que podemos desejar, porque só Ele é eterno, imutável e preenche totalmente a alma, é Deus. Todo o resto é passageiro. Jesus disse que é preciso acumular tesouros no céu – os bens da alma, as virtudes que ninguém nos pode tirar – antes de acumular os bens terrenos: Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde as traças e os vermes arruínam tudo, onde os ladrões arrombam as paredes para roubar. Mas acumulai para vós tesouros no céu, onde nem as traças nem os vermes arruínam, onde os ladrões não arrombam nem roubam. Pois onde estiver o teu tesouro, ali também estará o teu coração. (Mateus 6.19-21. Tradução Ecumênica da Bíblia. São Paulo: Edições Loyola/Paulinas, 1996.)

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