sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O CRISTO DOS DESCRENTES

Durante mais de mil anos, quase não houve possibilidade de discordância da visão católica de Jesus. Ou as pessoas seguiam Cristo à maneira da Igreja Católica ou não eram consideradas cristãs e, muitas vezes, eram perseguidas e mortas. Eram tempos diferentes, em que não havia a ideia que temos hoje de liberdade de pensamento. A ideia de liberdade começou a tomar força a partir de 1500, a princípio com a Reforma Protestante e com o movimento do Renascimento. Mas só teve mais sucesso após o século XVIII, com outro movimento, chamado Iluminismo. Foi então que outros pensadores começaram a manifestar opiniões diferentes sobre Jesus. Filósofos, como o francês Voltaire (1694-1778) e o suíço Jean-Jacques Rouseau (1712-1778), por exemplo, viam Jesus como um modelo de virtude e de amor, mas não acreditavam em Jesus-Deus. Justamente na França, terra de Voltaire, nasceu uma corrente de pensamento – o espiritismo - que pretendia ser outra forma de cristianismo. Um cristianismo que aceitava Jesus (assim como os judeus e os muçulmanos), mas não como Deus. Essa corrente viria a conquistar muitos adeptos no Brasil. Para Allan Kardec, fundador do espiritismo, Jesus era um ser evoluído, tendo já alcançado a perfeição que um dia todos vamos alcançar. A ideia que ele propõe baseia-se segundo ele, nas próprias palavras de Jesus, na Bíblia. Muçulmanos, judeus, iluministas e espíritas, embora não aceitem a divindade de Cristo, consideram-na uma pessoa muito especial, muito acima da humanidade, com virtudes singulares. Entretanto, alguns pensadores, sobretudo nos séculos XIX e XX, chegaram a uma ideia diferente: a de Jesus como um homem comum, igual a qualquer outro. Assim, eles não veem Jesus como um ser humano superior. Muitos desses escritores e pensadores discordam da mensagem do Cristianismo e consideram determinados valores cristãos, como a pureza e o amor a Deus, impossíveis de atingir. Eles defendem a ideia de que nem Jesus foi assim tão puro e bom. É uma postura diferente daquelas dos que amam a Jesus e aceitam seus ensinamentos, ainda que não o consideram Deus.

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