sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

OS ESPÍRITOS SE COMUNICAM?

O espiritismo nasceu na França, no século XIX, com Allan Kardec, considerado pelos espíritas um codificador, por ter organizado a doutrina dos espíritos. Kardec não é visto pelos seguidores do espiritismo como santo ou profeta, mas como cientista, pesquisador e filósofo. O principal objeto de estudo do espiritismo é a existência dos espíritos, sua origem, seu destino e suas relações com as pessoas vivas; ideais que não são exclusivas do espiritismo: podem ser encontradas em várias religiões e entre diversos povos. O que é original da proposta espírita é pretender aplicar o método de pesquisar cientificamente estas questões. O espiritismo procura responder a perguntas feitas antes por diversos religiosos e filósofos: De onde viemos? O que somos? Para onde vamos? O que acontece conosco depois da morte? Kardec, cujo nome de batismo era Hippolyte Léon Denizard Rivail, nasceu em 1804, em Lyon, na França. Estudou em uma famosa escola suíça, Yverdon, dirigida pelo educador suíço Johann Heinrich Pestalozzi, um homem extremamente amoroso e dedicado às crianças. A escola de Pestalozzi funcionava em um castelo medieval e era internacionalmente conhecida. Eram muitos os que para lá iam a fim de aprender uma nova forma de educar. Ao voltar à França, Rivail tornou-se educador. Publicou vários livros didáticos, apresentou projeto para a reforma do ensino francês e fundou institutos de educação. Casou-se com Amélie Boudet, também professora, e com ela dedicou-se durante mais de 30 anos à educação. Apesar de seu grande sucesso como educador, uma notícia mudaria a vida de Rivail. Um amigo lhe falou sobre fenômenos chamados “mesas girantes”: as pessoas sentavam-se em torno de uma mesa e esta começava a girar, movida por uma força desconhecida. Na primeira conversa que teve com o amigo, Rivail não deu muita importância à história. Porém, ao encontrar-se novamente com ele, ouviu outra informação espantosa: as mesas além de girarem, respondiam a perguntas que lhe eram dirigidas! Rivail ficou incrédulo. Algum tempo depois, em 1855, Rivail ouviu de outro amigo que as mesas seriam movidas pelos espíritos. Resolveu, então, investigar. Assim, em visita à casa de uma amiga, decidiu assistir a uma “sessão de mesa girante”. Na reunião presenciou um acontecimento espantoso: as mesas giravam, saltavam e corriam. Achou, então, que aquele fato deveria ter uma causa séria e merecia um estudo aprofundado. Com a intenção de entender aquele fenômeno, Rivail começou a frequentar as reuniões da família Baudin: nelas, duas meninas de 14 e 16 anos colocavam as mãos sobre a borda de um pequeno cesto, que tinha um lápis amarrado, e o lápis começava a escrever sozinho. Rivail presenciou comunicações e respostas dadas a questões que ele fazia apenas mentalmente. Desse modo, ele começou a acreditar que os fenômenos eram produzidos por uma força estranha e passou a estuda-las com seriedade, contrariando-se com o fato de as pessoas fazerem daquilo uma brincadeira de salão. Rivail descobriu que os fenômenos eram produzidos por forças inteligentes invisíveis, que se autodenominavam “espíritos”. Outra descoberta foi que esses espíritos nada mais eram que a alma de seres humanos que haviam morrido – por isso não possuíam mais sabedoria do que a de qualquer pessoa. Quer dizer: seus conhecimentos iam até o limite do seu grau de desenvolvimento espiritual, suas opiniões não eram infalíveis. Assim, cautelosamente, Rivail nunca baseou sua teoria no que lhe dissesse um único espírito. Analisando cada espírito em particular, ele descobriu que havia os maus, os sofredores, os bons, os sábios, os ignorantes... assim como entre as pessoas no mundo em que vivemos. Em 1856, Rivail recebeu uma mensagem de um espírito que se autodenominava “Espírito da Verdade”, falando-lhe sobre sua missão espiritual. Esse espírito prometeu-lhe proteção, mas advertiu-o de que: “Para agradar a Deus, é necessário, em primeiro lugar, ser humilde, modesto e desinteressado, pois Deus rebaixa os orgulhosos (...) para lutar contra os homens, é preciso ter coragem, perseverança e firmeza inquebrantável; é necessário também possuir tato e prudência para tratar as coisas com propósito e não comprometer o sucesso por palavras intempestivas; por fim, é necessário devotamento, abnegação e é preciso estar pronto para quaisquer sacrifícios.” (Allan Kardec. Obras Póstumas. São Paulo: Edicel, s.d.) Depois dessa comunicação, as pesquisas de Rivail se intensificaram e, com a ajuda dos espíritos, ele começou a publicar seus livros. Passou a assinar “Allan Kardec”, que, conforme veio a saber, era seu nome numa existência anterior, na época dos druidas, nas Gálias. Em 1857, publicou a primeira e fundamental obra do espiritismo: O Livro dos Espíritos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário